"Isolar um génio na sua própria glória, torná-lo prisioneiro da sua própria complexidade, matá-lo aos poucos no hospital dos gramáticos ou na sonolência das sessões solenes é prática das sociedades basbaques. A dor, a alegria, o enlevo amoroso, a consideração melancólica do irremediável destino de cada um de nós encontraram em Camões expressão universal. Ninguém tem o exclusivo destes sentimentos e estados de alma nem da sua expressão artística. Por isso eu acho óptimo o encontro de Camões-o-culto com Amália-a-fadista, para escândalo de certa bem-pensância e prazer dos que entendem que um poeta não é para sobreviver em pedra nem uma fadista em navalha de ponta e mola."
Alexandre O'Neill, in Diário Popular, 23-10-1965
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