Ora espreitem - e só a título de aperitivo:
"João Abel Manta(Lisboa, 1928) chega ao Almanaque em dezembro de 1960. E acabam logo ali os cartoons avulsos que eram tique sediço de outros Almanachs. E começa gloriosa cavalgada ilustrando o cadáver, já putrefacto nos anos sessenta, do Estado Novo, o malfadado Reino dos Pachecos, maquinação em código deste Almanaque. Foi a paródia aos epicenos (definição: nomes dos animais que designam indiferentemente o macho ou a fémea) inventariando as fases de vida de um típico casal com o seu cortejo de ilusões e secretas infidelidades. Foi a passerelle de uniformes urbanos de variegada fauna, os artistas reumáticos da Sociedade Nacional de Belas Artes, os intelectuais caixa de óculos que queriam salvar o mundo à mesa do café, os marialvas, toureiros e pintas de toda a pinta, que escondiam as mulheres em casa para se babarem de gozo na rua. Foram as mazelas escondidas da Lisboa capital, a precisar de novo terramoto. Foi, enfim, o retrato crudelíssimo de uma sociedade de tristes à espera de um longínquo Abril.", in Almanach Silva, http://almanaquesilva.wordpress.com/
Quem Não Quer Ser Homem Não Lhe Veste a Pele, Almanaque, dezembro 1960-janeiro 1961
Imagens retiradas do blogue Almanach Silva. A visitar.
Sem comentários:
Enviar um comentário