segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

No instagram do Nuno Markl

O post do Nuno Markl já tem mais de um mês mas só agora nos chegou aos ouvidos. O elogio deixa-nos muito inchados, numa altura em que estamos quase, quase, a poder anunciar algumas novidades...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Amália vai a julgamento - parte II


"Isolar um génio na sua própria glória, torná-lo prisioneiro da sua própria complexidade, matá-lo aos poucos no hospital dos gramáticos ou na sonolência das sessões solenes é prática das sociedades basbaques. A dor, a alegria, o enlevo amoroso, a consideração melancólica do irremediável destino de cada um de nós encontraram em Camões expressão universal. Ninguém tem o exclusivo destes sentimentos e estados de alma nem da sua expressão artística. Por isso eu acho óptimo o encontro de Camões-o-culto com Amália-a-fadista, para escândalo de certa bem-pensância e prazer dos que entendem que um poeta não é para sobreviver em pedra nem uma fadista em navalha de ponta e mola."

Alexandre O'Neill, in Diário Popular, 23-10-1965


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Amália vai a julgamento - parte I

Em 1965, Amália Rodrigues lança o EP "Amália Canta Camões" e causa polémica. "Como se atreve uma fadista a tocar no poeta nacional por excelência?", perguntam populares e intelectuais.


No "Lx60, para contar a história, optámos por sintetizá-la e reproduzir as opiniões de escritores e poetas que na altura se manifestaram, como David Mourão-Ferreira e Alexandre O'Neill (a favor), José Cardoso Pires e José Gomes Ferreira (contra), entre outros. Só que a polémica não ficou por aí.

Uma questão que hoje seria considerada ridícula toma proporções tais que a diva aceita ir à televisão, ao programa "Riso e Ritmo", para ser julgada. Referida sempre como "ré", Amália responde a todas as provocações com uma classe e inteligência arrasadoras. Para ver aqui em baixo.

domingo, 6 de janeiro de 2013

50 anos da proibição da prostituição*

A 19 de Setembro de 1962 publica-se em Diário do Governo o decreto-lei que proíbe a prostituição a partir de 1 de Janeiro do ano seguinte, cumprem-se agora 50 anos. Até então, eram legais as casas que não constituíssem perigo para a saúde pública. Todas as semanas as raparigas tinham de ir a uma inspecção. Em Lisboa era no dispensário perto do actual ISEG, na Lapa. 

Para contar esta história, no "Lx60" traçamos um roteiro da prostituição pós-1963, em quase tudo semelhante ao roteiro pré-1963. As diferenças: as licenças caducam, a profissão passa à clandestinidade e as mulheres ficam sob alçada da lei.

O decreto-lei original aqui em baixo e num formato mais fácil de ler aqui.

*Pedimos desculpa pelo eco

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Peça de colecção


Tirado daqui, onde em Julho de 2011 estava à venda por 180 euros.

Coro de Escarninho e Lamentação

Ainda a "Antologia de Poesia Erótica e Satírica" com um excerto da participação de Luiz Pacheco, condenado, tal como Ary dos Santos, Melo e Castro e Cesariny, a 45 dias de prisão substituíveis por multa. Natália Correia e Fernando Ribeiro de Mello, responsáveis pela edição, tiveram direito ao dobro, 90 dias de prisão substituíveis por multa. O processo arrastou-se por quatro anos.

"Inédito

CORO DE ESCARNINHO E LAMENTAÇÃO
dos cornudos em volta de S. Pedro
Coplas dedicadas às fogosas e vampirescas mulheres da Beira, de quem já Abel botelho disse o que disse.

MONÓLOGO DO 1º CORNUDO

I
Acordei num triste dia
Com uns cornos bem bonitos.
E perguntei à Maria
Por que me pôs os palitos.

II
Jurou por alma da mãe
Com mil tretas de mulher
Que era mentira. Também
Inda me custava a crer...

III
Fiquei de olho espevitado
Que o calado é o melhor
E para não re-ser enganado,
Redobrei gozos de amor.

IV
Tais canseiras dei ao físico,
Tal ardor puz nos abraços
Que caí morto de tísico
Como o sexo em pedaços!

V
Esperava por isto a magana?
Já previa o que se deu?...
Do Além vi-a na cama
Com um tipo pior que eu!

VI
Vi-o dar ao rabo a valer
Fornicando a preceito...
Sabia daquele mister
Que puxa muito do peito.

VII
Foi a hora de me eu rir
Que a vingança tem seus quês:
“O mais certo é práqui vir,
Inda antes que passe um mês”.

VIII
Arranjei-lhe um bom lugar
Na pensão de Mestre Pedro
(Onde todos vão parar
Embora com muito medo...)

IX
Passava duma semana
O meu dito estava escrito
Vítima daquela magana
Pobre tísico, tadito!

DUETO DOS 2 CORNUDOS

X
Agora já somos dois
A espreitar de cá de cima
Calados como dois bois
Vendo o que fez a ladina

XI
Meteu na cama mais gente
Um, dois, três... logo a seguir!
Não há piça que a contente
É tudo o que tiver de vir!

(...)

Luiz Pacheco
num dia em que se achou mais pachorrento
"

Sol de Inverno


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013